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Foram várias as razões pelas quais a minha curiosidade em relação a esta novidade de setembro (publicada pela chancela Chá das Cinco, da Saída de Emergência) foi crescendo: primeiro porque até o ter encontrado, nunca me tinha cruzado com nenhum outro cuja história relatasse as vivências de uma personagem seropositiva e segundo porque estava ansiosa para conhecer a escrita de Camryn Garrett.
Então antes de passar à minha opinião, vamos lá conhecer a premissa da história e um bocadinho mais sobre a autora!
Sinopse:
Simone está a começar do zero numa nova escola e desta vez as coisas serão diferentes. Está a fazer bons amigos e a escrever uma peça para Miles, o rapaz que a faz derreter sempre que o vê. A coisa que menos deseja é que se saiba que ela é seropositiva, porque da última vez... Bem, da última vez as coisas ficaram feias. Manter a sua carga viral sob controlo é fácil, mas preservar o segredo do seu diagnóstico não é tão simples. À medida que Simone e Miles começam a avançar na sua relação - com beijos tímidos a evoluir para algo mais -, ela sente uma inquietação que é mais do que borboletas na barriga.
Ela sabe que tem de lhe contar que é seropositiva, mas está apavorada com a forma como ele poderá reagir. Até que encontra um bilhete anónimo no seu cacifo: Sei que tens VIH. Tens até ao Dia de Ação de Graças para deixar o Miles. Ou toda a gente vai ficar a saber.
O primeiro instinto de Simone é proteger o seu segredo a todo o custo, mas quando vai descobrindo os medos e preconceitos na sua comunidade, começa a perguntar-se se a única forma de os superar não será enfrentando os inimigos de cabeça erguida.
Sobre a autora:
A jovem e bem sucedida escritora, de apenas 20 anos, começou aos 13 anos a escrever para o jornal Time for Kids (o que por si só, é muitissímo louvável) e contou também com trabalhos publicados no Huffington Post e na Rookie Magazine. Para além disso, lançou este primeiro livro (cujo título original é Full Disclosure) com apenas 19 anos.
Criada numa escola cuja educação sexual assentava na prática da abstinência e que lhe incutiu a ideia que não seria possível viver com o vírus da sida, Camryn lançou-se na escrita deste livro depois de se ter cruzado com vários blogs de pais que relatavam a sua experiência com filhos seropositivos.
Estes artigos fizeram com que rapidamente percebesse que a informação que fora lecionada na escola onde andou estava longe de corresponder a uma verdade absoluta. A partir daí, a curiosidade motivou a procura por recursos que a pudessem educar e oferecer perspetivas diferentes sobre este assunto e que contribuiram significativamente para a criação deste livro.
O livro relata a história uma jovem negra queer e seropositiva, filha de um casal homossexual, que se encontra no pico da curiosidade e descoberta da vida sexual. Segundo a autora, o seu objetivo foi cruzar vários movimentos importantes de modo a introduzir os leitores (especialmente o público mais jovem) a tópicos diferentes que precisam de ser mais abordados.
A minha opinião:
Antes de mais, tenho que confessar que com este livro, acabei por perceber que sabia muito pouco sobre o vírus HIV e sobre o que significa, em termos práticos, ser seropositivo. Quando um livro tem a capacidade de me pôr a pensar "afinal é assim que as coisas funcionam e eu não sabia!" ganha logo pontos extra na minha lista!
Ao longo de toda a história, encontramos pequenas (mas significativas) lições que nos são apresentadas de forma muito orgânica e despreocupada atraves de um leque de personagens que engloba diferentes perfis que podemos encontrar na sociedade atual, cujas ações e reações vocalizam muitos dos preconceitos, medos e desinformação que rodeiam o tópico do HIV.
A verdade é que não é fácil construir uma narrativa que tenha um vertente educativa forte, capaz de destruir estigmas, sem se tornar demasiado factual porém este livro é capaz de o fazer.
Um dos aspetos que mais me agradou foi, sem dúvida, o quão sex-positive este livro é! Aborda abertamente tópicos como a masturbação e a educação e saúde sexual sem qualquer tipo de vergonha ou embaraço, o que se torna uma mais valia por incutir expectativas saudáveis (e acima de tudo, realistas) a públicos mais jovens que possam estar a passar pelo período de descoberta sexual, como a nossa personagem principal.
Para além disso aborda outras temas, de uma forma muito educativa e positiva, como a assexualidade e a orientação sexual porque os normaliza e realça que ambos existem num espetro e que é perfeitamente ok não adotarmos nenhum tipo de rótulo relativamente áquilo que sentimos e/ou queremos.
Acho que não é necessário dizê-lo porque se torna óbvio mas gostei muito deste livro, mais do que antecipava. Acima de tudo, é uma leitura com uma conotação e mensagem muito positiva, essencial e relevante para jovens entre os 13 e os 17 anos embora possa seguramente ser uma leitura agradável para qualquer outra faixa etária.
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