Review - As aves não têm céu

By October Moon - janeiro 26, 2020



Assim que vi este lançamento da Porto Editora, fiquei imediatamente cativada pela sinopse e com a sensação que seria um livro que iria gostar.

Se tivesse que vos dar um conselho diria para não se deixarem enganar pelo seu tamanho  - não será uma leitura rápida, leve nem despreocupada.
Estamos perante 180 páginas carregadas de emoções fortes, que são escrutinadas detalhadamente através de uma escrita muito diferente de qualquer outra que já li, e a verdade é que sentimos a necessidade de compreender com minúcia tudo aquilo que o autor nos diz, diretamente e nas entrelinhas.

A narrativa é construída de forma genial - temos personagens peculiares com vivências fascinantes ainda que trágicas e um narrador que nos intriga e nos suscita curiosidade do início ao fim. Acima de tudo, somos presenteados com um história crua que aborda temas como a culpa (e a forma como esta nos pode consumir), a solidão, o abandono e a constante batalha entre querer ser notado mas não querer pertencer, pelo menos não realmente. 
Caindo no erro de assumir erradamente, diria que o autor (Ricardo Fonseca Mota) se fez valer, de forma exemplar, da sua experiência e conhecimento como psicólogo clínico para ser capaz de dissecar os sentimentos e os traumas que nos vão sendo apresentados ao longo deste livro.

É inevitável que, a dada altura, os fantasmas destes homens se tornem os nossos e damos por nós a sentir as mesmas dores e a pensar do que seriamos capazes se passássemos pelo mesmo.
Percebemos através das considerações - quase poéticas - do autor sobre a vida, a morte e até mesmo a fé que a busca pela salvação é por vezes mais perigosa e dolorosa do que a aceitação da condenação, consequente de mudanças que alteram profundamente quem somos e para onde vamos.

Acredito que cada pessoa levará consigo algo diferente e único ao terminar este livro e que, certamente, não o esquecerá facilmente!
Resta-me agradecer à Porto Editora por ter possibilitado esta leitura e dizer que levo daqui um livro que não me sai da cabeça e a gratidão imensa de ter descoberto um autor português genial. 
O que posso pedir mais?
(Post em colaboração com Porto Editora)

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1 comentários

  1. Tenho alguma dificuldade em ler obras portuguesas, acho que ainda não encontrei o "meu" autor haha mas pelo que descreveste esse parece muito bom, adoro livros que nos façam sentir tudo à flor da pele

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